Origem
Festas juninas ou festas dos santos populares são celebrações que acontecem em vários países historicamente relacionadas com a festa pagã do solstício de verão, que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano) e cristianizada na Idade Média como "festa de São João".
Essas celebrações são particularmente importantes no Norte da Europa — Dinamarca, Estónia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Noruega e Suécia —, mas são encontrados também na Irlanda, partes da Grã-Bretanha (especialmente na Cornualha), França, Itália, Malta, Portugal, Espanha, Ucrânia, outras partes da Europa, e em outros países como Canadá, Estados Unidos, Porto Rico, Brasil e Austrália.
Comidas típicas
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitos deste alimento. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.
Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bombocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais.
Tradições
As tradições fazem parte das comemorações. O mês de junho é marcado pelas fogueiras, que servem como centro para a famosa dança de quadrilhas. Os balões também compõem este cenário, embora cada vez mais raros em função das leis que proíbem esta prática, em função dos riscos de incêndio que representam.
No Nordeste, ainda é muito comum a formação dos grupos festeiros. Estes grupos ficam andando e cantando pelas ruas das cidades. Vão passando pelas casas, onde os moradores deixam nas janelas e portas uma grande quantidade de comidas e bebidas para serem degustadas pelos festeiros.
Já na região Sudeste são tradicionais a realização de quermesses. Estas festas populares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barraquinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha, geralmente ocorre durante toda a quermesse.
Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, são comuns as simpatias para mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas distribuem o “pãozinho de Santo Antônio”.
Diz a tradição que o pão bento deve ser colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.
A quadrilha brasileira tem o seu nome de uma dança de salão francesa para quatro pares, a "quadrille", em voga na França entre o início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A "quadrille" francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento da "contredanse", popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII. A "contredanse" se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.
Quadrilha Junina da Festa do São Pedro de Belém (Paraíba)A "quadrille" veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIX por tudo que fosse a última moda de Paris (dos discursos republicanos de Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias de Victor Hugo e Théophile Gautier até a criação de uma academia de letras, dos belos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do cavanhaque).
Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos.
O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa entre os começos do Romantismo e a Segunda Guerra Mundial. A quadrilha, como outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.
No entanto, hoje em dia, essa artificialidade rural é vista pelos foliões como uma atitude lúdica, teatral e festiva, mais do que como a expressão de um ideal folclórico, nacionalista ou acadêmico qualquer. Seja como for, é correto afirmar que a quadrilha deve a sua sobrevivência urbana na segunda metade do século XX e o grande sucesso popular atual aos cuidados meticulosos de associações e clubes juninos da classe média e ao trabalho educativo de conservação e prática feito pelos estabelecimentos do ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real, ainda que vivaz, porém quase sempre desprezada pela cultura citadina.
Desde do século XIX e em contato com diferentes danças do país mais antigas, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:
"Quadrilha Caipira" (São Paulo)
"Saruê", corruptela do termo francês "soirée", (Brasil Central)
"Baile Sifilítico" (Bahia)
"Mana-Chica" (Rio de Janeiro)
"Quadrilha" (Sergipe)
"Quadrilha Matuta"
Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha encontram-se o acordeão, pandeiro, zabumba, violão, triângulo e o cavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações.
Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.
Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do nordeste(indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João europeias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial juntamente com a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa.
Fogueira
Nas festas Juninas, a fogueira possui, entre outros, um sentido sagrado. O fogo, representação do sol, ilumina, aquece, purifica, assa e coze os alimentos, prepara vestes e armas, enfim, dá segurança e conforto. Daí as superstições: faz mal brincar com fogo, urinar no fogo, cuspir no fogo, arrumar fogueira com os pés, e outras mais. Ela é de preferência feita por madeiras resistentes, que produzem boas brasas. Proibidos: o cedro (madeira da cruz de Cristo), a imbaúba (onde se escondeu Nossa Senhora na fuga para o Egito) e a videira (dá o fruto que produz o vinho, usado nas missas para transformação no sangue de Cristo). É acessa pelo festeiro. Feita braseiro é atravessada de pés descalços. (Quem tem fé, não queima o pé). Nela assam-se batatas, mandioca, milho, inhame, pinhão; torram-se amendoins. Ao seu redor realizam-se brincadeiras de roda e danças folclóricas: cana-verde, batuque, ciranda, quadrilha (a mais famosa).
O uso de balões
O uso de balões e fogos de artifício durante o São João no Brasil, está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. Este costume foi trazido pelos portugueses para o Brasil, e ele se mantém em ambos lados do Atlântico, sendo que é na cidade do Porto, em Portugal, onde mais se evidência. Fogos de artifício manuseados por pessoas privadas e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa no Nordeste, em outras partes do Brasil e em Portugal. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. Em Portugal, pequenos papéis são atados no balão com desejos e pedidos.
Os balões serviam para avisar que a festa iria começar; eram soltos de cinco a sete balões para se identificar o início da festança. Os balões, no entanto, constituem atualmente uma prática proibida por lei em muitos locais, devido ao risco de incêndio.
Durante todo o mês de junho é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas, conhecidas por nomes como traque, chilene, cordão, cabeção-de-negro, cartucho, treme-terra, rojão, buscapé, cobrinha, espadas-de-fogo.
Simpatias
- Sabedoria da bananeira
Na noite de São João, de 23 para 24, deve-se enfiar uma faca virgem (nova) no tronco de uma bananeira. No dia seguinte, de manhã bem cedo, retire a faca que nela aparecerá o nome do(a) futuro(a) noivo(a).
Papéis mágicos
Na noite de São João, escreva em pequenos papéis o nome de vários(as) pretendentes. Enrole-os e jogue-os em uma bacia ou copo d'água. O papel que se desenrolar primeiro indicará o nome do(a) futuro(a) companheiro(a).
Os Santos Padroeiros das festas:
- Santo Antônio- conhecido como santo casamenteiro, santo que protege e preserva o amor e também um santo que encontra coisas.
Geralmente na véspera da festa desse Santo, as pessoas interessadas em casar, arrumar um amor ou preservar o seu , costumam fazer simpatias par ao santo.
Santo Antônio foi um religioso português que nasceu em 1195 em Lisboa. Morreu jovem ainda , com apenas 36 anos em Pádua, na Itália.
- São João- um dos santos mais populares. Considerado santo protetor das mulheres grávidas.
Segundo a Bíblia, João era primo em segundo grau de Jesus, pois Isabel era prima de Maria.
João batista batizou Jesus nas águas do rio Jordão, rio que hoje faz a fronteira entre Israel e a Jordânia e entre esta e a Cisjordânia.
Segundo a lenda( não baseada na bíblia): Isabel, mãe de São João era prima da Virgem Maria. São João não havia nascido ainda, mas era esperado. Isabel prometeu à Virgem avisá-la logo que criança nascesse. As duas casas não eram muito distantes, de modo que de uma se avistava a outra, com um pouco de esforço.
Numa noite bonita, de céu estrelado, São João nasceu. Para avisar a Virgem, Isabel mandou erguer, na porta de sua casa, um mastro e acendeu uma fogueira que o iluminava. Era o aviso combinado.
A Virgem Maria correu logo a visitar a prima. Levou-lhe de presente uma capelinha, um feixe de folhas secas e folhas perfumadas para a caminha do recém –nascido”.
João Batista é descrito na Bíblia como pessoa solitária, um profeta de grande popularidade.
Fez severas críticas à família real da época, a do rei Herodes Antipas, da Galiléia, pois o rei era amante da sua cunhada, Herodíades. Segundo o evangelho de São Marcos (cap. 6, vers. 17-28) Salomé, filha de Herodíades, dançou tão bonito diante de Herodes que este lhe prometeu o presente que quisesse. A mãe de Salomé aproveitou a oportunidade para se vingar: anunciou que o presente seria a cabeça de João Batista, que se encontrava preso. O “presente” foi trazido em uma bandeja de prata.
A imagem de São João Batista é geralmente apresentada como um menino com um carneiro no colo, já que segundo a Bíblia, ele anunciou a chegada cordeiro de Deus.
Diz a lenda que São João adora festa, mas que é preciso muitos fogos e uma fogueira bem bonita para ele ficar feliz.
- São Pedro- foi pescador e apostolo de Jesus. É conhecido como santo dos pescadores, guardião das chuvas e “porteiro do céu”.
Depois da morte de Jesus, Pedro viveu muitos anos pregando a palavra de Deus. É considerado o fundador da Igreja Católica.
As fogueiras fazem parte da tradição das festas juninas. O fogo é tido como símbolo de purificação desde a antigüidade. Cada festa porém, tem a sua fogueira especial.
Na festa de Santo Antônio a fogueira deve ter uma base quadrada , é também conhecida como chiqueirinho.
Na festa de São João a fogueira deve ter uma base redonda, fazendo a fogueira ser cônica, em formato de pirâmide.
A fogueira da festa de São Pedro deve ter a base triangular e deve ser triangular.
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